terça-feira, 23 de novembro de 2010

USS Bogue - autor : Gabriel


Como disse anteriormente, o Gabriel ainda nos brindou com um interessantíssmo modelo de porta-aviões de escolta, conceito que os americanos utilizaram em larga escala na WW2, principalmente no Pacífico. Salvo engano construíram mais de 20. Eram navios obviamente  bem menores que seus colegas da classe Essex, mas que prestaram serviço essencial na luta antisubmarina. No caso o Bogue se notabilizou nas águas do Atlântico. Esse navio parece inofensivo ? Vejam que  scoreboard esplêndido :


Comparando com o destroyer  ao lado se vê como eram navios pequenos para o padrão de um NAE. Vejam o tamanho do avião em relaçao à largura do convoo : o piloto tinha que se garantir para no meio do oceano pousar seu avião nesse cisco de aço. Sem GPS, INS, muitas vezes com silêncio no rádio..Fico pensando se a cada avião pousado tinham que pô-lo no elevador para liberar a pista ou se arriscavam o pouso com outros aviões presentes....


Não conheço o modelo da Tamiya, mas seguindo a tradição o kit deve ser muito bom.
O autor já ganhou pontos por ter colocado o modelo em uma vinheta de 'navegação em mar aberto'. O efeito é sempre impactante e embora pareça difícil, é a coisa mais simples do mundo de fazer. Poderia ter dado uma amassadinha a mais no papel alumínio utilizado para diminuir o tamanho da 'marola' (a escala !!!), mas ficou muito bom.

Nosso colega optou por manter o elevador abaixado, com um avião dentro. Salvo engano o poço desses elavadores é pintado de branco, o que serviria para realçar o mesmo.

Uma bela tomada da frota.  Observem o efeito de espuma, como ficou legal. O grupo aéreo também está muito bem feito e realista.
Uma coisa me chamou a atenção : se a designação do barco era CVE-9 porque tem um '20' ? Pergunta para o autor, se o decal que veio foi esse ou se não veio decal algum e ele se virou com o que tinha.





Outra foto bacana da dupla. Poderia ter dado uma sujada no barco que ficaria melhor, mas mesmo assim está muito bom. Observar que os estojos dos salva-vidas foram pintados. Esse veículo é do kit ou foi emprestado de algum outro ?  Poderia ter realçado as linhas do convés, especialmente os cabos de amarração. Quase não dá para perceber mas o casco no navio é em duas cores. Pelas fotos que pesquisei na net o tom do azul é mais escuro.


Uma ferrugem escorrendo na proa ficaria tão bem...
Mas parabéns ao autor pelo bom trabalho realizado nesse modelo. Pelo pouco tempo que levou na montagem ficou muito bom, dando o realismo que sempre considero a principal qualidade de um modelo, seja em qual escala ou gênero for.

Marcelo Albuquerque - 23/11/2010

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

DKM Tirpitz - autor : Gabriel

Nosso colega Gabriel não somente aceitou o desafio de montar um modelo em 1/350 como ainda de quebra apresentou NAE em 1/700, montado em tempo recorde. Por hoje falaremos somente do Tirpitz.


O primeiro modelo apresentado foi um Tirpitz 1/350 da Academy. Quando estive em Blumenau (onde conheci o Oráculo) tive a oportunidade de comprar um modelo desses por R$ 150,00...ok, ok..deixei passar essa. Mas deu para notar que o nível é digno da Tamiya, moldagem muito boa mesmo.



A história do Tirpitz acredito que a maioria já conheça : irmão gêmeo do Bismarck, foram uma classe de encouraçados lançada com o objetivo primário de guerra de corso, ou seja, voltados para o afundamento de navios mercantes. Uma visão um tanto atrasada do comando alemão (ou do cabo austríaco ?), pois para isso os U-boat de sairiam bem melhor como foi provado na Primeira Guerra. E também reflexo da visão ainda pouco 'aérea', onde o encouraçado era a peça principal do poder naval e não o porta-aviões. O resultado foi trágico para o Bismack, afundado em sua primeira missão (inutilizado pelo torpedo de prosaico Swordfish) e melancólico para o Tirpitz, que passou boa parte da guerra escondido em constantes reparos nos fiordes da noruega, até ser definitivamente afundado por um ataque aéreo da RAF. De fato os aviões foram cruéis com os belos encouraçados... Quem se interessar pode os restos submersos do navio (na verdade é a plataforma utilizada para desmanchá-lo após a guerra, mas boa parte do casco ainda está lá) : http://maps.google.com/maps?ll=69.647222,18.807222&spn=0.01,0.01&t=m&lci=org.wikipedia.en&q=69.647222,18.807222%28German%20battleship%20Tirpitz%29

Mas vamos ao modelo do Gabriel. Ele optou pelo característico padrão de camuflagem do navio, faixas brancas e negras formando cunhas no casco.  O aspecto geral do navio ficou muito parecido com o Bismarck anteriormente apresentado : muito bem montado, bem pintado mas sem marcações para tirar a monotonia do cinza do e do marrom do convés. No caso do Tirpitz que sofreu um pouco ao longo da vida, precisava de um envelhecimento para ficar mais realista.  Também poderia ter estendido a pintura da camuflagem à ponte e estruturas do convés (ajoelhou tem que rezar, colega !). No entanto ressalto que o autor saiu-se muitísimo bem na pintura da camuflagem : de cara branco com preto, sem manchar nem borrar. Observem a finura de algumas das cunhas.


A suástica ficaria muito bem nesse convés...Acho interessante como tanto o kit da Tamiya como da Academy serem pobres em decais. Que custava incluir o brasão dos barcos, bem como as marcações do calado ? São detalhes assim que vão fazendo diferença. As âncoras ficaram pouco realçadas.



No caso de navio em escalas grandes como 1/350 podemos até usar artifícios como simular zonas de sombra para tirar a monotonia do cinza e aumentar o realismo. Podia também ter pintado umas bóias.
E como sempre, batendo na tecla do efeito de madeira do convés...a cor chapada não fica legal. 1/350 é para detalhar mesmo...as virtudes e os defeitos aparecem mais.




Truque citado acima, aplicado no meu USS Saratoga (amigos, estou lhes entregando o ouro !) : é bastante sutil, e só fica bom se for assim. Observem que abaixo de cada torre de AA existe uma zona de sombra. Isso foi feito com aerógrafo. Por isso que aparece mesmo tirando a foto com flash. Sem contar (como diria Luis Melodia) com o auxílio luxuoso do giz pastel espalhado por várias partes do convés. Para quem ainda tem alguma dúvida : giz pastel é tão essencial no plasti quanto a tinta e a cola.

O autor passou uma quantidade interessante de cabos,  mas não sei se é efeito das fotos mas me parece que o mastro principal ficou inclinado por conta do esticamento das linhas. Lembro que os cabos de navio não precisam ficar totalmente esticados pois na vida real eles se curvam pela força da gravidade, da mesmo forma como fios elétricos que vemos nos postes.

Meia-nau ressaltando os cabos. Observar que o autor colocou os cabos dos guindastes. Poderia ter feito o gancho com fio de cobre (em formato de azol) e plasticard em trapézio como suporte.



Aviões bonitinhos e bem cuidados. Mas em 1/350 dá para fazer umas hélices em scratch. E passar uma antena com sprue bem fininho.


Da mesma forma que disse ao Daniel, foi tão longe, poderia ter ido mais além, especialmente com um 1/350 nas mãos..o modelista tem obrigação de detalhar.
Mas ressaltando, o navio está muito bom, a montagem excelente, sem nenhum defeito visível de 'funilaria' e com um pouquinho mais de paciência pode dar uma guaribada (é só cearense que conhece esse termo ou os 'do sul'  também ??). Parabéns ao Gabriel por essa empreitada e estamos no aguardo de novos modelos.

Marcelo Albuquerque -  22/11/2010

domingo, 14 de novembro de 2010

Cruzador SMS Emden - autor : Eduardo Jony

Adorei essa escolha do Eduardo, um belo modelo da época da I Guerra Mundial : o cruzador SMS Emden da marinha alemã, cruzador leve que se destacou como corsário no Oceano Índico, em memorável 'raid'  em 1914, no qual afundou ou capturou cerca de 30 navios aliados. Isso mesmo, cerca de 30 navios, muito mais que o Graf Spee e sem comparação com Bismarck e Tirpitz.  Mas parece que a fama, assim como escolhe pessoas, também escolhe navios para brindar !



O kit é da Revell em 1/350, escala discutida no post anterior, onde se existe a vantagem das peças serem maiores, apresenta o desafio de tornar essas peças mais reais através de mais detalhamento.

Não conheço o kit mas me parece ter um nível bom de detalhamento, nada que se compare à Tamiya ou um modelo de resina da Combrig, porém bem superior à algumas bombas que a Revell gostava de lançar no passado.

Abaixo vemos a seção da meia-nau exibindo as 3 chaminés do barco mais escaleres. Observem que o autor se preocupou em realças as bordas do anéis de sustentação das chaminés. Isso vem bem de acordo com o que falei no post da PT-109 sobre a importância de se destacar os relevos para não cairmos na cor chapada artificial. Contudo poderia ter feito a marcação um pouco mais sutil, pois se apliarmos a imagem é possível ver que em alguns pontos ficou um tanto 'larga' demais, em comparação com outras que ficaram mais de acordo. Problema semelhante vemos nos cabos dos turcos dos escaleres : preocupou-se em passá-los, mas usou linha de costura (never !, somente em escalas grandes para simular corda de amarração) e não sei se por causa da cola utilizada deu esse efeito de 'levantado', enquanto deveria ser justo o contrário, a corda pendente pela ação da gravidade. Mas o casco está bem legal, linha d'agua bem marcada e realce das placas de aço do mesmo. Podia ter colocado uma ferrugenzinha escorrendo pelas anilhas...


Visão geral do convés, notando-se o perfil estreito do barco : para fazer 23 nós tinha que bem esguio. Aqui vemos que o autor corretamente destacou as obras em tom de cinza escuro e manteve a madeirame em tom chapado marrom, infelizmente. Poderia ter passado mais alguns cabos entre os mastros também.



Nessa foto vemos novamente a linha 'flutuando' sobre os escaleres. Mas de toda sorte o aspecto geral do modelo é bastante agradável e realista. Observar o leme com devido realce e a hélice.



De novo a cor chapada do convés..nessa escala dá para fazer simulações de madeira só na base dos tons de marrom. Não sei se o modelo traz as ranhuras para simular as tábuas. Aqui vemos o mal efeito causado pela linha de costura. Alí por trás de vê um cabo pendente, como se estivesse frouxo, o que jamais ocorreria em um navio real. Também por conta do uso de linha de costura a amarração no mastro fica bastante grosseira.


O convés e a ponte. Bacana o realçe das correntes das âncoras. O mastro de vante ficaria melhor se fosse feito com um arame mais fino, dificilmente os fabricantes (mesmo a Tamiya) consegue fazer na 'finura' correta. Em relação à ponte de comando parece que as janelas não vem vazadas. Que tem só uma marcação em baixo relevo muito fraco. Nesse caso o autor optou por pintá-las, o que foi correto, já que não posso avaliar o grau de dificuldade que haveria em tentar cortar o plástico para abrir as janelas na marra. É claro que com isso haveria a questão de ter que fazer o interior da ponte, ao menos para disfarçar. É isso, escala 1/350 é para detalhar mesmo !  Mas indepente disso o autor poderia ter feito 'molduras' em fio de cobre para marcar as janelas. Tb podia ter usado artifício semelhante para realçar as bordas do separador logo à frente dos canhões. Antes que pensem que estou 'detonando' o modelo, é bem o contrário : gostei muito dessa montagem e isso são sugestões que teriam enriquecido o mesmo, já que o fabricante não o fez...



Uma bela foto da meia-nau. Como disse antes o aspecto ficou bastante real e convincente (mesmo com a linha de costura cheia de ondulações!). Observar os 4 canhões de 105mm.


Não parece que está no porto ? A bandeira merecia um tratamento melhor : ao invés de colar diretamente no plástico eu teria passado uma linha (de pesca) ou fio de cobre para simular a amarração no mastro de ré.


Assim colega Eduardo, posso dizer que vc está de parabéns, pegou um modelo bacana e fez juz à ele. Que lembre vc disse no f'órum que esse era um dos primeiros (se não o primeiro) modelos navais. Se for, maior ainda o mérito. As sugestões que dei acima são fruto de experiência e observação, nada que vc tivesse obrigação de saber ou fazer. E um photoetched para as amuradas também cairia muito bem. Ainda dá para colocar. E sim, muito bem pela iniciativa em ter feito uma base própria de madeira.

14/11/2010 - Marcelo Albuquerque

domingo, 7 de novembro de 2010

Encouraçado DKM Bismarck - autor : Daniel


Olá amigos, segue a nossa terceira resenha do I Concurso de Plastimodelismo Naval do Orkut, referente ao kit do Bismarck da gloriosa Tamiya em 1/350.
Fiquei feliz com a escolha do modelo, principalmente por ter sido o primeiro 1/350 inscrito no concurso e por ser do Bismarck, um navio belíssimo e digno representante do que era o 'poder naval' nas eras pré aviação e pré míssi, quando o canhão falava mais alto e era preciso ser bom de mira.
A história dramática do Bismarck é bem conhecida e embora fosse poderosíssimo, sempre achei que seu renome se deve mais à lenda que se formou que pelo navio em si. Ok, ok, ele afundou o Hood, mas possivelmente se isso não tivesse ocorrido teria fama semelhante ao seu irmão de classe Tirpitz, que passou a maior parte da guerra escondido em fiordes da Noruega em constantes reparos até ser definitivamente afundando em um ataque aéreo da RAF.

Mas vamos ao kit e à montagem. Já vemos acima o convés pintado em tom de madeira, observando-se que os detalhes do convés foram corretamente mantidos em cinza. Pintar esses detalhes em tom de madeira é imperdoável, mesmo para um modelista inexperiente. Madeira é madeira, aço é aço e jamais se trocam as cores de ambos.


Gostei muito do cuidado com a linha d'agua : nosso colega mascarou a mesma direitinho e não ficou borrada. Dada a escala com que se trabalha em naval, mesmo na 1/350, supostas falhas de pintura, ou pinturas feitas à mão, não seriam visíveis em um navio real, portanto a marcação da linha tem que ser perfeita, lisinha.
Sem contar a beleza natural do casco. Os engenheiros da Blohm + Voss capricharam nesse quesito. E vejam a altura do calado do bichão : tinha que deslocar muita água para se manter flutuando (42000 toneladas). Mesmo em NAE americanos modernos não se vê mais essa proporção calado x casco. Folhinhas de aço soldadas uma na outra, fazer o quê...


Nosso colega não enviou mais fotos da montagem, então seguem-se os comentários da montagem final.
Aqui uma bela visão do bichão depois de pronto. O autor optou por não pintar as típicas faixas brancas e negras nas laterais, nem a suástica no convés de proa e da popa. Isso teria enriquecido bastante do modelo. Achei estranha a disposição das âncoras, colocadas sobre o convés e não nos nichos do casco, mas pesquisando na net vi que aparentemente era desse jeito mesmo. Mas faltou no kit a âncora da frente, estranho a Tamiya ter deixado isso escapar. O autor também merece um puxão de orelha por não ter realçado a corrente das âncoras, fosse usando pincel no 'braço' ou passando o drybrush.



Olha ela aí...e nessa foto ainda fico em dúvida se as outras âncoras não deveriam repousar no nicho lateral.

O perfil característico da classe. Ocupa a largura inteira da bancada.

Sobre o modelo apresentado chama a atenção como está bem montado e pintado, sem falhas visíveis e respeitando as cores do original, mas (sempre tem um 'mas')...faltou ousadia ao autor : antes de entrar em detalhes divido com vocês uma reflexão : o que é mais difícil, montar um kit 1/350 ou um 1/700 ? As peças do 1/700 são menores, mas são menos numerosas. As peças do 1/350 são maiores e mais fáceis de pintar e manusear. Mas também são mais visíveis. O modelista então tem que caprichar mais ? Enquanto eu próprio não sei responder essa pergunta vejo que o Daniel fez tudo direito, trabalho nota 10, mas se esqueceu de 'dar vida' ao navio. Vejam o convés : cor chapada em tom madeira, sem fazer distinção alguma das pranchas, que em 1/350 são perfeitamente visíveis.


A título de comparação, vejam o convés do meu KGV em 1/700. Esse efeito foi dado da forma mais trivial possível : betume da judéia passado em diferentes diluições sobre tinta da 'madeira'. E fica bem razoável.


 Também poderia ter investido em photoetched...tudo bem que é caro, mas um kit desse nível ficaria muito mais rico com as amuradas, detalhes dos guindastes, etc. Poderia até ser um genérico, somente com a amuradas, mas aí teria que ter dado um detalhamento em outras peças. Fio de cobre serve para isso mesmo !


Também faltou mais cabos, o autor teve a iniciativa de aplicar alguns, mas poderia ser mais. O hidroplano tb merecia umas cruzes, se não tinha decalque, improvisava com mascaramento.


Foto em mais detalhe da ponte e estruturas : tudo limpo demais. O Bismarck não teve tempo de enferrujar e sujar, mas era preciso umas marcações para realçar as partes.


O resultado final deixou aquela sensação de 'chegou tão longe, podia ter feito mais`. Mas eu lembro que o próprio autor admitiu isso em post no tópico do concurso. Como disse, kit em 1/350 não sei se é mais fácil ou mais difícil, mas sei que precisa ser bem detalhado exatamente por ser maior. Mas não tem nada que impeça o autor de juntar um pouquinho de paciência a mais e dar o tempero que está faltando nesse belíssimo modelo. Verá que vale a pena.

Marcelo Albuquerque - 07/11/2010

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Lancha PT-109 - autor : Bismarck



Segunda resenha do nosso I Concurso de naval do Orkut (http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=83136&tid=5495254039251592707),  que contempla um barco com sabor de aventura : a famosa PT-109 comanda por JFK durante a SGM e representada pelo kit da Revell em escala 1/72. Como não conheço o kit, não posso emitir opinião pessoal, mas segundo o próprio Bismarck é um daqueles meia-boca da Revell, cheio de falhas e ótimo para quem gosta de praticar 'funilaria em plastimodelismo. Mas como se diz no Ceará, 'só tem tu, vai tu mesmo' !

Mas no sério : eu gostei muito do trabalho feito pelo Bismarck pois ele simplesmente não 'saiu montando' o modelo, se preocupou em melhorar o kit, acrescentando detalhes como por exemplo adicionando fios de cobre para simular as tubulações dos lançadores de torpedo, o tipo de do detalhe que dá outra vida à qualquer modelo!

A telinha adicionada ao bote (que segundo o autor é péssimo) também é um caso à parte, vejam que bacana :

...sem contar o detalhe da corda, dos remos...ficou muito legal. E se a beleza está nos detalhes em plasti isso é mais verdadeiro ainda.

Uma detalhe que sempre tem que ser observado em qualquer tipo modelo mas principalmente em naval é a questão de dar volume à pintura. O que é isso ? Simples : navios e barcos, ao contrário de aviões e tanques, com suas belas camuflagens, normalmente são monocromáticos e em sua maioria, cinza. Claro que existe a parte submersa, mas também é monocromática : hull red. Mas em navios até a SGM haviam os conveses de madeira : sim mas cor de madeira. O que isso quer dizer ? Que se o modelista não se preocupar em realçar as linhas de contorno, os detalhes em relevo, as obras do convés, o modelo fica altamente artificial, parecendo um brinquedão. Vamos ver como o autor contornou a situação.

Pintura chapada simples. Vejam abaixo como fica a pintura na cor única do casco : totalmente sem detalhe, cor chapada, detalhamento pobre.

 Mas nosso colega sabe das coisas e fez o dever de casa :

A diferença é gritante : vemos os contornos, os detalhes do convés, a sujeira. O aspecto se torna real e convincente.
Porém faço uma ressalva exatamente nesse quesito : o autor 'pesou a mão' quando foi realçar esses detalhes. O que quero dizer com isso ? O que sempre costumo dizer sobre  'respeitar a escala até na sujeira e ferrugem'. Na minha opinião era para ter ficado um pouco mais sutil. Ficou realçado demais, especialmente porque usou somente preto. Deveria ter feito ou um preshading em preto ou um drybrush em um tom mais escuro de olive drab. E no caso dos anéis dos tubos de torpedo eu iria além e faria um drybrush em um tom mais claro. O barco de verdade não teria tantos cm de sujeira em torno do metal :


Também não gostei do efeito de desgate aplicado ao barco - o pincel não foi uma boa opção, teria sido  melhor fazê-lo aplicando o giz pastel, fosse em cor de ferrugem ou um verde mais claro para simular o desgaste da pintura provocado pelo escorrimento da água. Imagino que tenha sido essa a intenção do autor.

Alguns detalhes da lancha : bandeira,  hélices, tudo muito bem cuidado. Gostei do efeito de 'bandeira ao vento'.

Uma visão geral do barco. Cordas de apoio passadas, armamento bem cuidado, nenhuma marca de emenda visível :





Ponto para o autor : desgaste em tom mais claro no convés, eliminando a cor chapada e dando realismo.
A lona de proteção não achei muito legal. Ficou parendo fita crepe enrolada. Poderia ter pintado a fita em olive drab mais escuro e depois aplicado o drybrush em um tom mais claro para destacar os drapeados.

Mas fora esses pontos abordados, o autor está de PARABÉNS. Ficou muito realista e convicente o modelo. Naval e dar vida ao cinza e no caso, ao oliva. Muito bom mesmo.

Marcelo Albuquerque - 01/11/10

domingo, 31 de outubro de 2010

USS Arizona - autor : Kleber




Olá amigos ! Iniciando a última fase do I Concurso de modelismo naval do Orkut: foram 3 meses de muitas trocas de experiências e idéias, sempre contando com a cordialidade e espírito participativos dos membros da nossa comunidade.

Para os que quiserem ler os posts, segue o link : http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=83136&tid=5495254039251592707




O primeiro kit finalizado foi o Arizona montado pelo nosso colega Kleber : kit da Hobbyboss, à escala 1/700 que me pareceu bem interessante, detalhado e que dada a beleza natural do navio, gera um belo modelo após montagem.

Acima uma visão geral no bichão : uma bela base imitando ferro fundido, hélices em cobre natural, pintura seguindo o padrão final do infeliz navio.
Observamos que em termos de cores nosso colega seguiu bem as orientações do manual e as respectivas tonalidades do casco abaixo e acima da linha d'agua, bem como a pintura branca da ponte de comando e do posto de controle de tiro. Também se preocupou em colocar linhas para imitar os cabos e antenas do navio. Esses cabos poderiam ter levado um pouco de tinta escura, ficaram claros demais, além de um efeito de curvatura devido ao 'peso' do original. A flag jack da proa tb merecia um pouco mais de cuidade pois a face interna branca ficou aparecendo.



Aqui vemos mais uns detalhes dos cabos, do efeito de sujeira no tombadilho. Pintura em amarelo dos escaleres e barcos de salvamento (que achei meio carregados no amarelo), de duas torres de tiro com detalhe do modelista ter incluído os foles dos canhões.

A impressão geral que temos é que o modelista sabe tudo o que tem fazer, quais detalhes acrescentar. A colocação dos PE das amuradas é um ponto muito positivo.

Entretando existem pontos que precisamos destacar e considero a pintura o principal deles : está muito grossa, principalmente do convés, a ponto de cobrir detalhes. Independente se for de pincel ou aerógrafo a finura da pintura é essencial especialmente em barcos devido à escala. Uma pincelada mal dada gera um destaque muito mais perceptível em um navio do quem em avião 1/72. A pintura de navio pode estar gasta, suja, enferrujada mas nunca grossa.

Na pintura da meia-nau é que a coisa pegou : a quantidade de tinta foi tão grande que gerou efeito de capilaridade nos detalhes, a tinta subiu, escondendo as junções.







Como os as amuradas já estavam coladas não dava mais para colocar na soda caústica para recomeçar o trabalho de pintura. O PE normalmente é a ultima coisa que se coloca em um kit. Eu normalmente pinto à parte e depois que adiciono ao modelo.

Na foto abaixo mais um pouco do dito : boa preocupação com os detalhes do convés, correntes das âncora em destaque, mas a tinta do convés 'subindo' pelos detalhes. Mesmo com alguns efeitos de desgaste o tombadilho ficou com o efeito de cor chapada, pois o ideal é que algumas das pranchas fiquem em cores diferentes para dar o efeito de madeira (eu sei que isso é um saco, especialmente em 1/700, mas naval é para os fortes mesmo...).



Assim podemos dizer que para um iniciante em naval (lembrando que esse kit é em 1/700...) o Kleber acertou mais que errou e não tenho dúvida que se continuar no ramo, ainda irá nos presentear com belos modelos.

Marcelo Albuquerque - 31/10/2010 (dia em que o Brasil elegeu sua primeira presidente !)